A primeira vez que eu ouvi falar dessa livraria foi quando vi o filme “Before the Sunset” em 2004… no filme, Jesse está fazendo um book tour e está na livraria Shakespeare & Company quando ele reencontra Celine. Depois foi a vez de “Meia noite em Paris” que eu fiz um post aqui contando sobre as locações do filme e a livraria está entre eles. Coloquei ela na lista para visitar na minha viagem para Paris e acabei chegando a ela de maneira inesperada.
No meu último dia em Paris, estava andando com a Renata (do blog Direto de Paris – que mora na cidade), a caminho da Notre Dame e quando ia atravessar a rua ela me disse…
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– Não, vamos até ali mais a frente para frente atravessar a rua, que eu quero te mostrar uma coisa.
A “coisa” era nada menos que a livraria! O queixo quase caiu e nem acreditei que ela fica tão pertinho da Notre Dame e eu já fui lá tantas vezes e não a vi!
Um pouco de história…
A história dela é bem legal… ela é uma livraria independente, especializada em livros em inglês e seu nome original era “Le Mistral”. Seu dono, um americano chamado George Whitman mudou o nome da livraria em homenagem a uma outra expatriada americana, Sylvia Beach, que era a dona da “Shakespeare & Company” original. A livraria original foi a única que se dispôs a publicar Ulysses, de James Joyce que tinha sido banido nos Estados Unidos e Reino Unido. Ela também acolheu vários artistas e escritores na livraria… Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald eram assíduos por lá. A livraria foi fechada em 1940, durante a ocupação Alemã em Paris na Segunda Guerra Mundial e mesmo depois que a guerra terminou, ela nunca reabriu. A nova livraria então se “apossou do nome”, depois que Sylvia Beach morreu e continuou seu legado, acolhendo escritores em suas instalações.
Voltando a minha visita…
A primeira coisa que me chamou atenção, ainda do lado de fora da livraria, foi o chamado “Wall Newspaper” escrito por George Whitman em 2004, que faço uma tradução livre abaixo:
“Algumas pessoas me chamam de Don Quixote do ‘Quartier Latin’ porque minha cabeça está tão longe, acima das nuvens que eu imagino que todos nós sejamos anjos no paraíso. E ao invés de ser um vendedor de livros genuínos, eu sou um novelista frustrado. Esta loja tem quartos como capítulos de um livro e o fato de que Tolstoi e Dostoiévski são mais reais para mim que os meus vizinhos e ainda mais estranho para mim é o fato de que mesmo antes de eu ter nascido,Dostoiévski escreveu a história da minha vida num livro chamado ‘O idiota’ e desde que eu o li, venho procurando pela heroína, uma garota chamada Natasha Filipovna. 100 anos atrás minha livraria foi uma loja de vinhos escondida do rio Sena por um anexo do ‘Hotel Dieu hospital’ que foi demolido e substituído por um jardim. Antes disso, em 1600, o prédio inteiro foi um monastério chamado ‘La Maison du Mustier’. Nos tempos medievais, cada monastério tinha um “frere lampier” cujo trabalho era acender as lâmpadas ao anoitecer. Eu tenho feito isso por 50 anos, agora é a vez da minha filha.”
A filha é quem agora toma conta das operações da loja que se tornou é um ponto turístico disputado. Infelizmente eles não deixam mais tirar fotos lá dentro, mas dá pra entender a razão. Além de ser bem pequena, com corredores apertados tomados de livros, tem escadinhas bem estreitas e está sempre apinhada de gente. As prateleiras abarrotadas de livros do chão ao teto, têm títulos de diversos temas e muitos clássicos. A mistura de cheiros, de livros novos e velhos, a total falta de pretensão e estilo são o que me encantaram. Subimos a escadinha seguindo uma música suave que vinha do andar de cima. Um rapaz sentado ao piano tocava música clássica enquanto algumas pessoas sentadas numa espécie de cama ou encostadas na parede observavam. Somos transportados imediatamente para uma outra era e fico imaginando as conversas, as pessoas apaixonadas por palavras que passaram por aqui.
Procuro um livro para o Dylan no meio da coleção enorme de livros infantis, mas tenho uma idéia. Resolvi tentar achar um livro para o marido, que não é fã de ficção, mas adora tudo relacionado à Segunda Guerra e desci de novo as escadas para o térreo onde tinha visto a seção de história. Achei que ele gostaria da relação entre o tema e a primeira livraria que fechou exatamente durante a Segunda Guerra. Depois de muito procurar e ficar em dúvida sobre o que levar (achei um livro de uma investigação sobre a existência do rei Arthur e os cavaleiros da távola redonda e ele também adora o assunto), finalmente achei o livro perfeito para ele. Ganhei a famosa estampa no livro, pra provar que ele foi comprado lá… e de quebra ainda levei a bolsinha da loja.
Saí de lá encantada e morrendo de vontade passar mais várias horas entre seus corredores estreitos, descobrindo os tesouros em suas prateleiras. Se você ama livros, não deixe de fazer uma visita quando for à Notre Dame em Paris.
Informações Úteis
Shakespeare and Company
Website: shakespeareandcompany.com
Endereço: 37 Rue de la Bucherie, 75005 Paris, France
[…] para Gil. Endereço: 4eme arrondissement atrás da Catedral de Notre Dame, Paris, França Shakespeare & Co. Bookstore: Uma das mais famosas livrarias do mundo, onde vários escritores famosos se reuniam. No filme, […]
Clau, que gostoso relembrar esse dia através do seu texto! E nem sabia que você tinha anotado pra ir lá. Aquela ruazinha, a livraria, é um dos lugares que mais gosto em Paris. E o marido, o que achou quando viu o livro?
Um beijão e espero que você volte logo
Sim, estava na minha lista e isso que foi o mais legal… Adorei a companhia e o dia. Obrigada por me levar lá! 😉 E o marido amou o livro!
Adorei!adorei! Também descobri a livraria sem querer na minha primeira e única vez em Paris, aliás na Europa. Tinha acabado de ver o filme Meia noite em Paris, no cinema e no avião., totalmente no clima. Mas, não tive coragem de entrar, tenho dessas coisas.
Em março/14 estou indo novamente, outra vez sozinha, e devorando tudo sobre Paris. Dessa vez eu vou entrar e quero esse carimbo tb.
Parabéns pelos posts, estou sempre por aqui.
adorei relembrar…George acolhia viajantes na livraria, mochileiros, escritores, artistas, aventureiros…por uma semana dormi no andar de cima da livraria no final dos anos 80, eu e mais 8 “voluntarios”, Pela troca do privilegio tinhamos de colocar os livros na rua de manha…A universidade livre de Paris, ao lado de Notre Dame, perto de Sorbone, da vida noturna do Quartier Latin, cenas IMPAGAVEIS do George com clientes, vinhos a beira do Sena, a sensacao de dormir ao lado da poltrona de Hemingway, de brincar onde Henry Miller and Fitzgerald estiveram, de nutrir a renite mais adoravel de minha vida… The road so far nao tem preco!
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