As mãos trabalhavam com maestria na massa… amassa, bate, estica, roda, roda, roda e coloca no fogo. O comodo pequeno está cheio de fumaça, sentamos no chão de terra batida para acompanhar o movimento e fugir da fumaça. Meus olhos começam arder, mas estão vidrados no ritual. O véu cai por um minuto, mostrando um sorriso com dentes escuros. Ela recoloca o véu sobre a boca e volta a fazer o trabalho, repetindo a mesma rotina: Amassa, bate, estica, roda, roda, roda e coloca no fogo.
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Estamos na “casa” de uma família de beduínos dentro de uma reserva ambiental, o Feynan Ecolodge na Jordânia. Depois de uma caminhada curta do prédio principal, mas ainda dentro da reserva, vemos crianças jogando futebol, algumas tendas a esquerda e cabras pastando na encosta da colina. Chegamos ao nosso destino. Um menina que não deve ter mais de 4 anos, coloca uma calça num bebê, que chora, reclamando da falta de jeito. O guia do ecolodge, Ahmed, faz um som de pigarro com a garganta, para sinalizar que está chegando com visitas e uma mulher numa roupa típica e rosto coberto, toda de preto, faz sinal para avançarmos e coloca dois colchões e algumas almofadas na sombra (a sala de estar), perto da “cozinha”.
A casa é mesmo força de expressão, as tendas são algumas vigas de madeira, lona, chão batido. Uma tenda grande cheia de colchões, que parece ser onde dormem os membros da família, uma menor, com estrutura mais permanente, que é onde fica a cozinha e uma outra, mais reservada, que estou supondo que seja o “banheiro”. As galinhas e cabras passeiam livremente ao nosso redor.
A matriarca da família nos recebe e já coloca água no fogo para fazer o chá. É um chá preto e adoçado, muito gostoso. O chá é uma tradição de boas vindas por aqui. Eu, que nem sou muito fã da bebida, acabei me acostumando.
Ela que é responsável pelo pão servido durante as refeições no ecolodge, vai nos mostrar como faz o pão. Assim que chegamos ela já coloca o trigo e a água… a massa vai precisar de alguns minutos para descansar. Enquanto isso, seguimos tomando chá e conversando através do guia. Ela me pergunta qual o parentesco com o Nick, eu digo que é meu filho e ela pergunta quantos anos ele tem: 19, eu respondo. Vejo os olhos sorrindo e incrédulos. Pergunto quantos filhos ela tem e ela responde 5. Digo que tenho 2 e ela me pergunta onde o 2o filho está, respondo que está com o pai nos Estados Unidos e ela diz rindo que me inveja, posso deixar o filho e sair viajando. No caso dela, o marido se muda para outro lugar e a deixa cuidando dos 5 filhos.
O bebê é colocado ao lado dela, outros dois filhos entraem e saem da tenda, pulando e rindo, olhando os “estranhos” que acabaram de chegar. A massa foi separada em 20 bolas diferentes e quando ela roda, transforma a massa numa circunferência bem fininha. O fogo, que antes tinha o bule de chá, agora tem uma “grande frigideira” virada ao contrário. É ali que o pão vai ser “assado”.
Um menino um pouco mais velho que as crianças que estavam lá chega na tenda enquanto estamos fazendo pão. É o filho do meio. Arrisca um “Hi” em inglês e se anima quando a gente responde. O guia explica que ele estava jogando futebol e que já vai pra escola que funciona dentro da reserva e que eles aprendem inglês já desde a primeira série. Ele corre pra um outra tenda e volta com uma mochila e nos mostra seus livros. Abre o livro de inglês e começa a falar algumas palavras e frases que já aprendeu. O Nick quer saber como falar algumas palavras em árabe e os dois acabam interagindo aprendendo a língua um do outro.
Ela dá pra cada um de nós o pão recém feito e comemos enquanto as crianças brincam a nossa volta. Os beduínos estão envolvidos diretamente no dia a dia da reserva, eles trabalham no transporte dos visitantes, como guias, na cozinha, na recepção, fazendo alguns dos produtos que são usados no ecolodge como velas e sabonete. Mas as visitas aos beduínos são voluntárias… elas são arranjadas pelos guias do ecolodge e eles não cobram por isso. Não é possível fazer “reservas”, a visita não pode interferir com a rotina e se chegarmos e eles não puderem nos receber, voltamos pra trás. Não é um ambiente preparado para receber visitantes, é a casa deles, do jeito que vivem. Ela nos conta algumas das tradições dos beduínos que sobreviveram as modernidades.
Há um orgulho enorme em mostrar a cultura e como a vida é de verdade pra eles. Há os que vivem em casas, que tem carros modernos e até perfil no Facebook e os que escolheram continuar na vida de nômades, vivendo em tendas. As crianças felizes no seu mundo de brincar entre animais e futebol no campinho da frente de “casa”.
Partilhar o pão e o chá com essa família, foi definitivamente uma das experiências mais simples e mais marcantes desta viagem. Apenas uma das muitas surpresas que essa viagem a Jordânia nos proporcionou.
Viajamos a convite do Visit Jordan.
Oi Cláudia,
Deve ser uma experiência única e emocionante poder conhecer os hábitos e a cultura local tão de perto. Fantástico!
Beijos,
Lillian.
Lilian,
sabe que foi mesmo! Foi com certeza um dos pontos altos da viagem.
Claudia
São as viagens que fazemos com o coração que nos possibilita viver as melhores experiencias nesta vida. Vc arrasa como sempre em requisitos viver a vida! Te adoro!
Ana Paula,
exatamente.. essa foi uma dessas com certeza. Obrigada pelo carinho.
Bom trabalho Claudia
Realmente faz muita confusão onde mora a verdadeira felicidade. viver a correr em Nova York ou viver em paz com a natureza. Aquela gente é feliz com o “pouco” que a natureza lhes proporciona. Obrigado por nos dar a conhecer essas culturas e outras formas de viver feliz.
Obrigado
Alcinda delgado
.
Obrigada pelo comentário Alcinda. E é exatamente o que vc disse… a gente acha que pra ser feliz a gente precisa de coisas, mas eles mostram que não é bem assim.
Claudia, que post lindo. Adorei este programa. Muito bacana esta interação com a cultura local, eu queria fazer isto em todas as minhas viagens! Bjs
Lu, foi como eu disse, das coisas mais simples que fizemos, mas das mais tocantes. O Nick nem ficou muito impressionado não.. mas espero que algo fique na memória dele.
Cláudia, adorei sua experiência, principalmente por poder “conversar” com as pessoas de lá. Sempre saímos dessas experiências com uma boa bagagem cultural =)
Daniela,
com certeza. A tentativa de comunicação foi até engraçada e facilitada pelo guia e com certeza nos mostrou um pouquinho de como é a cultura dos beduínos.
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[…] enriquecer muito uma viagem. Algumas das minhas melhores memórias envolvem comida. Seja aprendendo a fazer pão com beduínos, provando pratos diferentes na África do Sul, visitando docerias em Nova York ou comendo nos meus […]
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