Exuberante, intocado e vasto. O Tocantins guarda um belo cristal bruto chamado Jalapão. Esse paraíso no coração do Brasil é pontilhado de surpresas a serem desbravadas por quilômetros e mais quilômetros de estradinhas de terra. Uma aventura imperdível no cerrado brasileiro, rumo ao encontro de dunas douradas, cachoeiras, paredões de arenito, fervedouros, praias de rio, campos de capim dourado, veredas e muita gente boa. Um destino perfeito para quem ama ecoturismo.
O Jalapão se espalha por 34 mil quilômetros quadrados, no centro-leste do Tocantins. Não é pouco! Bem maior do que o estado do Sergipe. Faz fronteira com Bahia, Piauí e Maranhão. Engloba áreas de preservação ambiental repletas de belezas naturais que ganharam estrutura turística apenas em 2001. Uma imensidão de paisagens tão inspiradoras que passou a fazer parte do cenário da novela “O outro lado do paraíso”, na TV Globo. Ganhou notoriedade, entrou na casa de milhões de pessoas pela telinha e assim saiu do anonimato.
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Tudo é curioso e peculiar no Jalapão. A começar pelo nome que vem de uma raiz usada com fins medicinais pelos quilombolas desde que se estabeleceram na região, a tal da “jalapa”. Bem inocente. Mas, a danada da raiz também serve para colorir a cachaça da moçada de um tom alaranjado quando fica em infusão. Daí vem o nome: “Jalapinha” ou “Jalapão”, dependendo do tamanho do trago. Tudo leva a crer que a terminação no aumentativo é a preferência local.
Outro fato interessante que corre à boca miúda é que nos anos 70 e 80, uma figura bem controvertida já tinha movimentado o cerrado com plantações duvidosas. Quem era? Pablo Escobar, o rei do narcotráfico. Ele escolheu um local de difícil acesso e de baixíssima densidade demográfica, próximo de Mateiros, onde chegava em seu jatinho particular, numa pista de pouso (pasmem) de 1200 metros – que ainda existe – e contratava mão de obra barata para plantar o que chamava de “jojoba”. Cobria tudo com tela para não “dar bandeira” e pagava muito bem para que seus funcionários trabalhassem felizes e não fosse denunciado. Assim foi vivendo entre suas lavouras de cannabis sativa e uma refinaria de cocaína que compartilhavam espaço sem a menor cerimônia com o que já foi o hotel mais luxuoso da região – a Pousada do Jalapão – que continua em pé contando sua história. Hoje, apenas um segurança toma conta da velha pousada e oferece a estrutura dos banheiros para quem visita a espetacular Cachoeira da Velha.
Como chegar
A maneira mais fácil de chegar ao Jalapão é pelo aeroporto de Palmas, Brigadeiro Lysias Rodrigues. A capital do Tocantins é nova, nasceu em 1989. Tem menos de 30 anos e já conta com uma população de quase 300 mil habitantes. Latam, Gol e Azul fazem voos regulares até Palmas. Como alguns deles chegam no final do dia, às vezes é necessário pernoitar na cidade para partir no dia seguinte rumo ao Jalapão. Uma boa opção é o hotel Girassol Plaza e se quiser um restaurante com bons peixes de água doce, como Caranha, Tucunaré e Surubim, vá ao restaurante Tabu. Simples e delicioso!
De Palmas até Ponte Alta do Tocantins, a porta de entrada do Jalapão, são 190 quilômetros por estrada asfaltada. A partir daí, o trajeto será de mais de mil quilômetros por estradas brutas. É exatamente essa dificuldade de acesso que reduz o número de visitantes.
A maioria das pessoas opta por fazer um roteiro circular – de pelo menos cinco dias – saindo de Palmas para Ponte Alta, Mateiros, São Félix, Novo Acordo e então Palmas novamente, esse último trecho tem 110 quilômetros de asfalto. Como ponto de apoio haverá pousadas bem simples e restaurantes caseiros. Não espere luxo. As distâncias são longas entre um local de interesse e outro, as estradas têm muitos trechos de areia onde o carro pode atolar e praticamente não tem sinalização. É recomendável transitar em veículo 4X4 acompanhado de um guia-motorista experiente. Também há ofertas de expedições em grupo para conhecer o Jalapão ficando hospedado em uma base fixa tipo acampamento. No entanto, como as distâncias de ida e vinda aos lugares a serem visitados são longas e o meio de transporte para esses grupos turísticos é feito em veículo pesado e lento, é preciso dispor de mais tempo para conhecer a região. Para quem prefere agilidade, o ideal é contratar um guia particular com carro. Recomendo Marcelinho, da Urucuia Turismo. Ele conhece a região como a palma da mão e é de uma simpatia ímpar.
Distâncias
Palmas – Ponte Alta: 190 quilômetros em estrada asfaltada
Ponte Alta – Mateiros: 160 quilômetros em estrada de terra
Mateiros – São Félix: 90 quilômetros em estrada de terra
São Félix – Novo Acordo: 150 quilômetros em estrada de terra
Novo Acordo – Palmas: 110 quilômetros em estrada asfaltada
O melhor do Jalapão
Saia cedo de Palmas para aproveitar bem o dia e não esqueça de colocar uma roupa de banho. Há várias cachoeiras no caminho até Ponte Alta . Em Taquaruçu, a 32 quilômetros de Palmas dê um mergulho nas cachoeiras Escorrega Macaco e Roncadeira. Do estacionamento até as quedas d’água é preciso fazer uma caminhada leve de um quilômetro. Use tênis pois pode ter cobras. Na Roncadeira, os aventureiros podem descer de rapel. Do outro lado da estrada fica a Cachoeira do Evilson. O acesso é de apenas 500 metros, porém bastante íngreme, de dificuldade moderada. É um bom lugar para almoçar. Serve comida caseira feita com reserva antecipada. Programe-se. Logo à frente faça a última parada para se refrescar na Cachoeira da Arara antes de encarar mais 140 quilômetros de estrada até Ponte Alta. Essa propriedade particular pode ser visitada mediante pagamento na entrada, a trilha de acesso tem 800 metros. As quatro cachoeiras são lindas.
Em Ponte Alta vale a pena ficar hospedado pelo menos dois dias na Pousada Águas do Jalapão para conhecer o entorno. A cidade em si é pequenina e singela, tem menos de 8 mil habitantes, mas é cercada por belezas naturais incríveis. Aproveite a chegada no final do dia para curtir um pôr do sol inesquecível na Pedra Furada acompanhado do alvoroço das araras azuis que habitam a região, um dos grandes destaques do Jalapão. Ao longe, dá para ver o Morro da Cruz, que tem o formato de uma pantufa e outros paredões de arenito.
No dia seguinte acorde cedo para fazer o dia render. Tome um bom café da manhã e escolha onde ir primeiro: Cânion Sussuapara, Cachoeira do Lajeado, Cachoeira do Soninho ou ir até a cidade comprar algumas peças feitas com o famoso capim dourado.
Lembre-se que tudo é distante. A Cachoeira do Lajeado fica a 35 quilômetros de Ponte Alta. Não é das mais visitadas por ter acesso difícil, mas é espetacular! A água cristalina escorre pelas pedras alaranjadas que formam uma escadaria cheia de piscinas. É preciso usar um calçado que não escorregue para descer até a base da cachoeira. Um daqueles lugares de onde você não quer ir embora tal sua beleza.
O Cânion Sussuapara fica a apenas 15 quilômetros da cidade. Não é muito longe e é lindo. Já, a Cachoeira do Soninho precisa de tempo. São 65 quilômetros e no caminho, o carro passa sobre a laje de uma pequena cachoeira que convida a uma parada. Logo, chega-se a Soninho que despenca de 30 metros de altura. Vale a distância percorrida.
Próxima parada: Mateiros. Esse é o ponto mais central do Jalapão e repleto de lugares fantásticos para se ver. Vale ficar dois ou três dias para explorar as dunas, os estranhos fervedouros, as praias de rio e as tantas cachoeiras. Entre as melhores opções de hospedagem estão a Pousada Santa Helena, Panela de Barro e Veredas Tropicais.
A Cachoeira da Velha é uma das mais impressionantes com uma queda de 20 metros de altura tão forte que tem o apelido de “mini Iguaçu”. É muita água que vem do rio Novo, onde há várias praias de areia branca. A correnteza é forte. Tome cuidado! O filme Deus é Brasileiro protagonizado por Antônio Fagundes e Wagner Moura teve cenas rodadas ali, ao lado da Pousada do Jalapão, que um dia pertenceu a Pablo Escobar, como citei acima. A cachoeira está a 100 quilômetros de Mateiros numa região bem deserta por onde passa o Rally dos Sertões. Leve água e alguma coisa para comer no caminho. Aproveite para conhecer outro ponto alto nesse mesmo dia: as Dunas do Jalapão. O parque só abre depois das 16:30 pois antes disso a areia fica muito quente. O pôr do sol é fantástico! Os bancos de areia, que são cercados pela Serra do Espírito Santo e cortados por riachos, vão ganhando tons alaranjados mais vibrantes a cada minuto. Um espetáculo digno de nota entre dunas, buritis e muita paz.
Subir ao Mirante da Serra do Espírito Santo para ver o sol nascer é um dos programas favoritos de quem gosta de trilhas. É preciso acordar cedo para cair na estrada e encarar uma subida rudimentar, de dificuldade moderada, com cerca de mil metros morro acima. É para os fortes. Para relaxar depois do esforço vale dar um mergulho num dos tantos fervedouros do Jalapão, um dos mais procurados é o Fervedouro da Ceiça, a 28 quilômetros de Mateiros. A sensação de mergulhar num poço de água azul cristalina e não afundar é indescritível. Os fervedouros tem areia fina no fundo, de onde saem borbulhas vindas da nascente de um rio subterrâneo. A pressão da água faz a pessoa flutuar. Uma experiência deliciosa. Outros fervedouros interessantes são Buritizinho e Buriti. Aliás, essa árvore é poderosa! Seu fruto é usado para fazer doces; com sua fibra são feitos fios que arrematam o artesanato de capim dourado; a casca é usada para fabricar móveis e instrumentos musicais; e a palha serve para cobrir os telhados.
Outro destaque da região é a Cachoeira do Rio Formiga. Como a queda d’água não é muito forte e a piscina natural formada é de um azul espetacular, dá vontade de ficar horas “de molho”. Esteja preparado para encontrar muita gente. Essa é a atração mais procurada tanto pelos locais como pelos turistas. Aproveite que está perto da comunidade quilombola de Mumbuca, onde surgiu o artesanato com capim dourado e faça uma visita. As pessoas são encantadoras, muito simples e de uma simpatia incrível. Tudo começou com Dona Miúda, a matriarca que ensinou seus descendentes a arte de tecer o “Ouro do Tocantins”.
Quando partir em direção a São Félix, uma comunidade pequenina de dois mil habitantes, visite a Cachoeira do Prata, o Fervedouro de São Félix e a Serra da Catedral onde foi filmado Xingu.
A próxima cidade e última do Jalapão é Novo Acordo onde se destacam o Morro Vermelho e o Morro do Gorgulho, de contornos tão interessantes que instigam a imaginação. Fazem lembrar animais e chaminés. Merecem uma parada. E então, reta final para voltar a Palmas.
O Jalapão é um destino que casa perfeitamente com quem não se incomoda em transpor longas distâncias, dispensa o luxo e gosta da simplicidade da vida rural. A exuberância da natureza virgem é o melhor dessa aventura.
Melhor época
O Tocantins é quente durante o ano todo. A temperatura costuma ficar entre 25 e 35 graus. Vale lembrar que há um período chuvoso, de dezembro a maio; e outro de seca, de junho a novembro. Junho e julho são os meses mais movimentados.
Onde se hospedar
Em Palmas: Hotel Girassol Plaza
Em Ponte Alta: Pousada Águas do Jalapão
Em Mateiros: Pousada Santa Helena, Panela de Barro e Veredas Tropicais
Em São Félix: Pousada da Irá, Capim Dourado
Indicação de Guia
Marcelinho, da Urucuia Turismo. Telefone: (63) 98431.1561 e (63) 9999.2113 (whatsapp)
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