A Grã Bretanha no geral é uma região ‘plana’, coisa que você percebe da janela do avião. Quando eu viajo para o Brasil fico impressionada com o tanto de montanhas e com a diversidade geográfica (claro, o Brasil é imenso), pois quando sobrevôo a Grã Bretanha o que vejo são planícies sem fim: muitas fazendas, florestas e rios. Mas isso muda de figura quando falamos das Highlands, na Escócia – que é a área onde está o Ben Nevis, a montanha mais alta do Reino Unido com 1345 metros de altura.
Muita gente vai para as Highlands a procura de trilhas e passeios ao ar livre, e algumas das melhores trilhas são subindo montanhas. Cerca de 150 mil pessoas tentam subir o Ben Nevis todo ano – existem diversas maneira de fazê-lo – e apesar de sua pouca altura (se compararmos com montanhas icônicas como Kilimanjaro, Mount Rainier ou Mont Blanc) ele oferece um grande desafio a todo mundo que tenta superá-lo. Até mesmo a trilha que nós fizemos – a mais fácil, conhecida como ‘Mountain Track’ ou ‘Pony Trail’ – apresenta dificuldades e deve ser feita com cautela.
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Nós começamos a planejar a subida no Ben Nevis depois que fizemos o Snowdon, no País de Gales. Eu recomendo fazer exatamente isso se você não tem experiência mas tem vontade de subir uma montanha. O Snowdon tem 1085 metros de altura e no geral é mais fácil que o Ben Nevis.
O Ben Nevis fica na cidade de Fort William, portanto o ideal é que você se hospede lá. Nós fomos pra Fort William de carro, a partir de Londres, mas é uma viagem longa (foram 12 horas, com paradas). Pra quem não tem muito tempo, pegue um vôo para Inverness, e de lá da pra ir a Fort William de carro, ônibus ou trem.
Ben Nevis: a subida pelo Mountain Track
O Mountain Track começa no Glen Nevis Visitor Centre. Basta deixar seu carro no estacionamento (é preciso pagar £3 e a máquina aceita moedas apenas!) e seguir a placa ‘Ben Path’. Em alguns minutos, após cruzar o riacho e passar por dentro uma fazenda de carneiros, você já estará nele. O começo é tranquilo, sem grandes desafios na superfície. O caminho é uma mistura de terra com pedras, tem alguns degraus demarcados. Mas começa a ficar mais difícil cerca de uma hora após o início, quando já não é tão claro. As pedras não estão ‘arrumadas’ em degraus e é preciso, em determinados momentos, usar as mãos para garantir o apoio.
Já quase na metade, o caminho fica muito fácil: uma reta de terra que passa ao lado de um lago. Mas é só olhar pra cima, para a sua direita, e perceber que a metade final será muito, muito mais cansativa. No fim dessa reta tem início uma série de zig zags (que da pra ver até no Google Maps), e a trilha fica mais perigosa: algumas partes são muito estreitas, e o vento começa a interferir muito. Se você vai subir o Ben Nevis nos meses mais frios – como no nosso caso, fomos no fim de março – essa é a hora de começar a colocar o gorro, luvas e o buff no pescoço.
E, claro, tem a neve. O que deixa tudo mais emocionante. Não continue a subida caso você não tenha o apetrecho apropriado para caminhar na neve: spikes ou crampons. Isso é essencial e vai garantir sua tranquilidade e evitar quedas. A neve também faz que o caminho não fique tão óbvio: em um certo momento você segue as pegadas das outras pessoas que estão subindo e descendo, mas quando acaba o caminho em zig zag, também acabam as pegadas. E agora?
É nesse momento que me bateu um medinho. Um vento forte, tudo branco e coberto e neve, e poucas pessoas ao redor. Pra onde ir? Sim, dá pra ter uma ideia simplesmente porque você precisa continuar subindo, mas o perigo da neve é que ela forma bordas falsas: se você for muito perto da borda, pode nem perceber que é uma borda ‘falsa’, apenas um monte de neve que acumulou e não está sobre terra firme. Por isso é MUITO importante que você tenha o mapa da trilha e também o celular com o Google Maps, pra usar o sinal do GPS.
Outra referência que ajuda na reta final são os tótens de pedras empilhadas. Quando você avistar o primeiro, siga em direção a ele. E assim sucessivamente, até a chegada no ‘plateau’, o ponto final e o topo do Reino Unido! Essa última parte é cruel, e requer muito mais esforço físico do que toda subida anterior. O corpo já está cansado, o vento é muito forte (de te empurrar) e a subida é íngreme. A probabilidade é que o tempo lá no alto esteja encoberto, então fica tudo branco mesmo, rola ate uma dificuldade de diferenciar o céu da neve, então redobre o cuidado. Vá devagar, um passo de cada vez (literalmemte).
A satisfação de chegar no plateau é imensa. Existe uma plataforma de pedras que marca exatamente onde está o topo, e além disso você verá também o abrigo de emergência. É nesse abrigo que a equipe de resgate vai em primeiro lugar quando alguém é dado como desaparecido no Ben Nevis. Se você chegar no topo e perceber que o tempo está muito ruim pra voltar e não da pra enxergar nada, fique lá.
Por todo o caminho a vista é muito bonita. Mas lá do topo, se tem uma brecha entre as nuvens, a paisagem lá embaixo é ainda mais sensacional. Pare um minuto pra pensar: você está no topo do Reino Unido! Não é pouco coisa né?
A subida leva em torno de 4 horas. E na descida, tenha o mesmo cuidado. Até porque vai bater o cansaço e aquela vontade absurda de chegar logo no fim e tomar uma bebida quente, mas não adianta correr. Todos os desafios da subida estão lá de novo. Levamos 3 horas pra descer.
O que vestir e que apetrechos levar
No dia seguinte da nossa subida, uma moça passou apuros, pois resolveu subir o Ben Nevis usando shorts e levando apenas… um pau de selfie. Ela conseguiu chegar (segundo ela, a ideia a princípio não era chegar no topo, mas ela foi indo, indo e não quis mais desistir) mas teve muita sorte. Lá no topo ela passou mal (hipotermia, não conseguia mais mexer o corpo e tinha a sensação de que estava ‘bêbada’), mas chegou na mesma hora que um grupo de montanhistas experientes que escalaram por outra rota. Eles a cobriram e conseguiram retirá-la, mas por muito pouco ela não perdeu a vida.
Tudo isso pra dizer: use a roupa apropriada! Eu e meu marido nos vestimos assim: calça impermeável forrada de fleece / camiseta de algodão / blusa de fleece / jaqueta impermeável forrada de fleece / meia de lã / tênis para caminhadas outdoor / buff / gorro /luvas. E levamos na mochila mais uma camada de roupas cada um, caso precisasse: leggings e outra blusa de moletom. Também levamos os spikes para colocar na sola do tênis.
Uma coisa que não levamos mas deveríamos, teria ajudado muito na reta final: walking sticks. Eu me arrependi de não ter comprado, e a próxima subida em montanha com certeza será com um par de walking sticks nas mãos.
Levamos na mochila: toalha daquelas que secam super rápido, bússola, mapas, comida, bateria extra pro celular. E uns saquinhos chamados ‘hotties’, pra por no bolso e aquecer as mãos (eu usei um par na descida, comecei a ficar com muito frio nas mãos).
Ben Nevis: dicas gerais
Obviamente que subir o Ben Nevis nos meses de inverno é mais perigoso, pois há o risco de avalanche (um casal montanhista experiente infelizmente morreu em uma avalanche apenas algumas semanas antes da gente ir). Fique de olho na previsão do tempo e tenha um plano b. Nós, por exemplo, adiantamos a subida em um dia, pois a previsão para o dia que queríamos (um sábado) estava ruim. Como tínhamos 3 dias de viagem, mudamos os planos e no fim foi realmente a melhor opção.
Eu não recomendo a subida para quem não pratica exercícios regularmente. Eu corro de 3 a 4 vezes por semana, e nas 48 horas após a subida eu mal consegui andar, as minhas batatas das pernas estavam duras e doloridas. Não recomendo a subida com crianças para famílias que não costumam fazer esse tipo de viagem. Claro que cada um sabe de si, mas o vento lá no alto é muito, MUITO forte.
Sempre deixe alguém avisado que você vai subir, aliás coisa que devemos fazem em qualquer viagem como precaução. É sempre aconselhável que algum amigo ou parente saiba que hotel você está, ou que vai fazer algo mais ‘aventureiro’ em um certo dia.
Nossa, Helô, deve ter sido uma delícia de passeio, mesmo! Estive em Fort William há alguns anos, mas acabei não escalando o Ben Nevis.
Vai ficar pra próxima!
PS: O vídeo ficou ótimo! 😉
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