Há 6 anos me mudei para Austin mas nunca tinha ido ao Austin City Limits Music Festival, um dos maiores festivais de música dos EUA. Quando apareceu o convite pra cobrir o evento para o Aprendiz de Viajante achei legal mas avisei que o meu foco seria o evento e não a música: de música eu não entendo absolutamente nada. Então esse post é pra contar pra vocês como foi o festival (infra-estrutura, clima, logística, comida, esses detalhes da festa em si) e vou citar os links pras publicações de música pra quem quiser saber mais detalhes sobre os shows e artistas no final, combinado?
Contando um pouco sobre o festival: o Austin City Limits Music Festival (ACL Fest) existe desde 2002, foi criado pela empresa que produzia o show de TV com o mesmo nome (e são os mesmos produtores do Lollapalooza). Mas esse foi apenas o segundo ano que o festival foi dividido em 2 finais de semana. O público de cada dia fica em torno de 75 mil pessoas, que se dividem entre 8 palcos no Zilker Park em downtown. São vários estilos musicais: rock, indie, country, folk, música eletrônica e hip hop, a música eletrônica vem ganhando espaço na programação. Os shows começam de manhã lá pelas 11h e terminam um pouco depois de 22h, esse ano foram 130 bandas, um pouco mais de 40 apresentações por dia. As bandas que tocam no primeiro final de semana são quase todas as mesmas que tocam no segundo também, algumas poucas tocam 1 final de semana só.
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Como já falei no post sobre Austin, outubro é uma das melhores épocas do ano pra visitar a cidade. O clima é uma delícia, costuma ter muitos dias de sol com temperaturas perto de 28-30 graus, bem diferente do verão escaldante que temos por aqui (quando a temperatura fica rondando os 40 graus constantemente). Esse ano o dia de abertura do ACL (como todo mundo chama o festival, pra ficar mais fácil) foi um dia perfeito de outono no Texas, de céu azul sem nuvens, 31 graus, uma brisa leve, não tinha como ficar melhor.
Eu fui no primeiro final de semana do ACL Fest 2014, que foi nos dias 3, 4 e 5 de outubro. Os principais shows eram: Beck e Outkast na sexta, Eminem e Skrillex no sábado e Pearl Jam e Calvin Harris no domingo. Acabei indo na sexta e no domingo, não fui no sábado. Uma pena que não pude ir, porque queria ver o Eminem e falaram que foi um dos melhores shows do festival. Dos principais assisti Outkast e Pearl Jam, foram bem legais. Você pode ver a programação dos shows toda aqui, se estiver curioso. As datas pro festival de 2015 já foram anunciadas: de 2 a 4 e de 9 a 11 de outubro de 2015. Pedi também pras minhas amigas que foram no segundo final de semana do festival darem as suas opiniões também.
Com 8 palcos e shows ao mesmo tempo em uma área ao ar livre, uma das coisas que me perguntaram foi se o som de um palco não “vaza” pro outro, já que tem vários shows rolando ao mesmo tempo. Depende de onde você está. Se você estiver bem no meio de dois palcos com shows rolando, vai ouvir um pouco de cada sim. Mas chegando bem perto de um palco não escuta nada do outro não. Eu não ficava muito perto dos palcos porque não queria entrar na muvuca, mas mesmo assim ficava perto o suficiente pra não ter esse problema de interferência. Mas li que alguns shows que ficaram muito cheios acabaram tendo esse problema, porque a aglomeração de gente em frente a um palco foi tão grande que o pessoal que estava mais atrás já estava longe demais. Os palcos principais, Samsung Galaxy e Honda, ficavam diametralmente opostos, e os shows que encerravam as noites eram nesses palcos.
Não sei se é porque eu não tenho mais 18 anos de idade ou porque eu nunca tinha ido a um festival de música desse tipo nos EUA, mas achei o público um pouco calmo demais de um modo geral. Nos festivais que eu frequentava no Brasil desse tipo o pessoal pulava e dançava até dizer chega, aqui o pessoal me pareceu menos animado, muita gente sentada em cadeiras ou no chão. Assisti vários shows e acho que o único que eu vi o pessoal dançando mais foi o do Outkast, mas nada comparado a animação dos shows no Brasil.
As bandeiras pra todo lado me chamaram a atenção: de todos os tipos, algumas engraçadinhas, outras com times (de futebol americano da Universidade do Texas era a mais popular), outras eram apenas estandartes com bonecos e outras invenções penduradas. Perguntei pra algumas pessoas o objetivo das bandeiras, e me falaram que era pra ficar mais fácil de encontrar os amigos.
Uma das coisas que eu gostei muito foi da comida: algumas dezenas de barracas contando com alguns dos nomes mais famosos da cidade estavam lá. Salt Lick, Chilantro, East Side King, Amy’s Ice Cream, P Terry’s, Torchy Tacos, dava pra fazer um tour gastronômico de Austin ali mesmo. Eu comi no Torchy Tacos, East Side King e P Terry’s, o P Terry’s me decepcionou (o hamburguer deles fora do ACL é bem melhor) mas o East Side King e o Torchy Tacos estavam com a qualidade de sempre. O Chilantro mais uma vez eu não experimentei, a fila do ACL fazia jus a fila normal deles – gigante. A maioria das comidinhas ficava em torno de $6-$9 dólares a porção, algumas coisas menores (sobremesas por exemplo) eram menos que isso. A minha amiga Juliana Peclat, que foi no segundo final de semana do festival, adorou os nachos do Salt Lick – que é o churrasco mais famoso da cidade.
Pra acompanhar as opções gastronômicas nota 10, um galpão imenso de bebidas com nem sei quantas torneiras de chopp tinha dezenas de opções de cervejas (e bebidas não alcóolicas também, como água de coco por exemplo). As cervejas eram todas $8 e as bebidas não-alcóolicas, $4. Eu provei uma UFO, que tinha um toque de laranja, pra refrescar. Aprovada. As filas eram grandes, mas nada insuportável, andavam rapidinho. Engraçado que nesse galpão tinham dois telões passando jogos de futebol americano e baseball, e volta e meia vinha uma gritaria de lá, o pessoal torcendo um pouco pros seus times entre um show e outro. Outras tendas vendiam bebidas também, mas essa era a que tinha as cervejas artesanais.
A maior dificuldade pra quem vai ao ACL é chegar lá. A Barton Springs Road, que é a rua onde fica a entrada do Zilker Park fica fechada no trecho do parque, somente pedestres podem passar por ali. Pra quem está hospedado em downtown, dependendo do lugar o melhor jeito é ir andando, ou então pegar um táxi até o mais perto do cruzamento da Lamar com a Barton Springs e depois ir andando. Pra quem está fora de downtown e precisa chegar até o centro da cidade de carro, tem várias garagens espalhadas pela área onde você pode estacionar e ir andando (bastante) depois. Uma garagem tem o serviço de shuttle (ônibus) que leva até bem pertinho do festival. Como eu moro em Austin, acabei pedindo pro meu marido me levar de carro até bem perto do Zilker e depois fui andando. É perfeitamente seguro e tranquilo de andar até o parque, eu estava sozinha andando de noite mas tem muito movimento e policiamento, além de Austin ser uma cidade bem tranquila e de pouco crime. Um outro jeito bacana de ir é alugar uma bicicleta. O estacionamento de bicicletas gigantesco bem na entrada do festival mostrava bem como essa é uma opção popular 😉
Falando de segurança, o festival é tranquilíssimo nesse aspecto. Tem uma revista básica de bolsas na entrada, câmeras com jeito de profissional não são permitidas, mas é tudo bem relax – que é o jeito de Austin. O pessoal leva cadeiras, bandeiras, mantas de picnic, e até crianças e bebês (tem até uma área infantil pras crianças brincarem). Eu conversei com uma família que estava lá com a filha de 3 anos e uma outra bebê de 7 meses, eles falaram que é o segundo ano que vão ao ACL e a filha mais velha adora. Mesmo assim famílias com crianças são minoria – o público é jovem e não poderia ser diferente, com o maior campus da Universidade do Texas que fica em downtown. Não vi nenhuma briga, vi poucas pessoas bêbadas (também, uma cerveja custa $8 dólares) e no show do Pearl Jam o vocalista estava dizendo que o pessoal da segurança falou que eles podiam ter ido pra casa, porque não teve nenhum incidente no primeiro final de semana do festival. Paz e amor.
A Raíssa Carey, minha amiga que foi no segundo final de semana do ACL e já cobriu shows no Brasil: “Eu fui a vários festivais no Brasil inclusive Rock in Rio, achei que aqui a diferença é mais cultural. Não tem briga, vandalismo, todo mundo aproveitando e sendo super da paz. Tem criança e neném aqui o que no Brasil nunca vi. Mas a organização acho que é comparavel. Rock in Rio que fui em 2000 foi comparável. A diferença grotesca é a questão do transporte e acesso para o local do show”. A Juliana Peclat, outra amiga que foi ano passado e de novo esse ano, fala sobre a experiência com as crianças: “Ano passado levei meus filhos, mas esse ano estava bem mais cheio e acho que não daria pra levar. O ano passado, dava para as crianças brincarem, esse ano teriam que ficar grudadas em mim, para não se perderem. Rola muita maconha também, com as crianças teria que ficar mais afastado”.
Na parte tecnológica da coisa, uma coisa legal que eles fizeram foi o ACL Cashless, o ingresso é uma pulseira que tem um chip e você podia se cadastrar pra pagar as suas compras lá dentro com o chip, assim não precisava ficar com dinheiro, era só passar o chip e pronto. Não cheguei a fazer isso, mas achei a ideia bem prática. As pulseiras não saem do pulso: colocou no primeiro dia, só tira no último, porque vai ter que cortar. Uma app do festival tem toda a programação, com os shows, informações sobre os artistas, palcos, horários, pra você ir consultando enquanto está lá. Uma parceria com a app Uber, onde você pede um transporte e a app acha um motorista pra te levar, fez o maior sucesso durante o festival – o serviço é pago mas eles deram um crédito de $30 pra todos os novos usuários durante o ACL. A prefeitura de Austin que era contra o serviço autorizou a sua operação um pouco antes do festival. Um problema foi o sinal de celular: péssimo. Ficava 1 barra ou sem sinal boa parte do tempo.
Fala a Raíssa novamente, que usou o Uber: “Usei o uber e achei sensacional, quero me cadastrar e ir um dia downtown ser taxista por um dia 🙂 Eles (Uber) foram muito inteligentes, pegaram milhares de emails e deram uma super oferta de 30 dolares. O nosso “motorista” estava lá pela primeira vez e era uma aposta com os colegas quem ia arrecadar mais dinheiro, pra doar pra uma causa de proteção aos animais depois”.
Os banheiros eram todos do tipo “portáteis” e pelo que eu vi atenderam a demanda, não tinham filas gigantes. Na sexta-feira, que foi o primeiro dia, o cheiro não estava ruim. No domingo já estavam fedendo de longe…outro problema era a falta de iluminação nessa área, muito escura.
Os ingressos são vendidos com quase um ano de antecedência: os ingressos “early bird” para 2015 começam a ser vendidos agora dia 21 de outubro de 2014. Os ingressos com preço normal são colocados a venda na primavera e perto da data do festival você não encontra mais nada – tudo vendido. Então pra quem se animar de vir pro ACL de 2015, já coloque no calendário que tem que comprar os seus ingressos dia 21 de outubro ou então na primavera do ano que vem. Os preços dos ingressos não são uma pechincha mas também não é nada que assuste: um ingresso pro primeiro final de semana de 2015 por exemplo vai custar $225 (early bird) ou $250 (preço normal) dólares por pessoa. Mas se você contar que com esse valor assiste 40 shows por dia x 3, eu acho que deve ser um dos melhores custo x benefício de shows de música por aí.
Se animou? Então veja outros motivos pra visitar Austin (e o Texas) nos nossos posts aqui no Aprendiz de Viajante. No final do mês 31 de outubro e 1 e 2 de novembro tem fórmula 1 em Austin!
Pra quem quer saber mais sobre os shows:
10 Best Things We Saw at Austin City Limits Fest 2014 – Rolling Stone
ACL 2014’s 10 Best Moments: Iggy Azalea, Sam Smith, Matthew McConaughey & More – Billboard
13 Best Moments From Austin City Limits Festival 2014 – Fuse
AUSTIN CITY LIMITS 2014: BEST OF THE FEST (REVIEW) – Glide