Sempre quando alguém me pede dicas de Londres, eu bato na tecla dos “guided walks“: passeios por determinadas regiões da cidade, geralmente temáticos, nos quais os guias são especializados e conhecem como ninguém cada esquina da cidade. E o melhor: sabem aqueles segredos, aquelas curiosidades que não estão escritas nem nos melhores guias de viagem. Por isso, não pensei duas vezes para aceitar o convite da Context Travel, para fazer parte de um tour guiado sob o tema “Teatro em Londres“.
Claro, há muitas empresas especializadas nesse tipo de “produto”, mas o diferencial da Context é o grupo de profissionais selecionados que atuam como guias. Professores universitários ou especialistas em assuntos específicos, eles transformam o tour em uma verdadeira aula de história e cultura. A empresa tem tour em dezenas de cidades pelo mundo: Londres, Paris, Roma, Nova York, Boston e até Washington DC. Descobri que a grande maioria de seus clientes acaba virando fã incondicional: depois da primeira vez, todo mundo quer voltar!
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Mas enfim, ao passeio. O ponto de encontro com o nosso guia (Kevin Childs, formado em English Literature na Oxford University , Mestre e Doutor pela Courtauld) era o Shakespeare’s Globe – não tinha como ser qualquer outro lugar, afinal, falar da origem do teatro na Inglaterra é sinônimo de falar de William Shakespeare.
Vale lembrar que o Globe é uma reprodução do teatro original, Globe Theatre, que foi construído em 1599. Localizado no Southbank – a margem sul do Rio Tãmisa – o prédio em estilo elizabetano é palco para peças Shakespearianas durante os meses de verão, pois, como acontecia no século XVII, funciona a céu aberto.
Foto do interior do teatro: Trey Ratcliff, Stuck in Customs
Com o skyline de Londres atrás de nós (éramos um grupo de 4 pessoas), Kevin nos contou detalhes e curiosidades da vida dos atores e escritores de teatro da época de Shakespeare. Entre outras coisas, descobrimos que Hamlet foi escrita em apenas um mês, e que muitas das peças eram encenadas uma única vez, já que o público era ávido por novidades. As mulheres, bem vindas para assistir, eram proibidas de atuar (alguém aí lembra do filme Shakespeare in Love?) e o teatro fazia parte do dia a dia da cidade.
De lá, atravessamos a Millenium Bridge em direção a City, berço da cidade e hoje distrito financeiro londrino. Mas, é claro, nosso tema era outro, e Kevin continuou sua aula de Shakespeare. Passamos pela Ireland Yard, onde o escritor chegou a ter uma casa, e conhecemos o pub The Cockpit, que também era frequentado por ele.
Continuamos caminhando para o oeste, passando por vielas que até hoje guardam resquícios de uma Londres medieval e explorando pontos como o Middle Temple Hall, que para nossa surpresa tem também forte ligação com o teatro inglês.
Depois de pouco mais de 2 horas, chegamos ao bairro de Covent Garden, que hoje abriga os imensos teatros ocupados pelos famosíssimos musicais. De O Fantasma da Ópera a Les Miserables, a variedade de estilos é, no mínimo, esclética.
Foi até engraçado saber que o Theatre Royal Drury Lane, teatro que no momento é palco para o musical Shrek, é o mais antigo em funcionamento na cidade. Apesar de o prédio em si ter sido reconstruído alguma vezes (os anteriors foram destruídos por incêndios e bombardeios), esse ponto sempre foi ocupado por um teatro desde 1663 (o ano em que, finalmente, as mulheres puderam subir aos palcos).
Já era quase uma da tarde – três horas depois do nosso encontro na porta do Shakespeares’ Globe – quando nos despedimos na porta da Royal Opera House, outro ícone teatral da Londres.
Por sorte, chegamos lá durante o intervalo da matinê da ópera La Traviata e conseguimos dar uma espiada no suntuoso espaço.
Fico imaginando como alguém que ama teatro e história do teatro se sentiria ao fazer esse passeio. Eu, uma leiga no assunto, fui embora com aquela sensação boa de ter participado de uma imersão cultural intensa. Bela maneira de se passar uma manhã de sexta feira fria e ensolarada!
Informações Úteis:
Context Travel
Website http://www.contexttravel.com
Especialidade: Tours guiados
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Essas walks são ótimas! Além de toda informação, também é uma forma de conhecer lugares da cidade que normalmente você não irira, ou não saberia tantos detalhes.
O Shakespeare Globe tem um tour guiado, fora da época das peças, que é ótimo.
Tem um tour que eu também imagino que seja muito legal, por Whitechapel, onde aconteceram os crimes do Jack Estripador. Pena que o meu inglês não dá pra tanto :*(
muito bom! obrigada por partilhar 🙂